segunda-feira, 19 de outubro de 2009
Os rios do meu Rio
Por entre os rios de águas outrora límpidas do Rio,
Hoje correm rastros de sangue
O cheiro das frutas e da flora de Debret
Hoje cheira a carne humana queimada, os morros sumiram
Os pulgueiros do Centro sumiram,
Mas brotaram os barracos de zinco e madeira nas encostas,
Pensa-se que o pobre de nada mais precisa
Seu barraco é de alvenaria rota
Hoje é entretido; a televisão o atordoa, adormece a miséria
A geladeira já é regra, guarda litros de água em garrafas pet
As escadas infinitas não rumam ao céu,
Servem de pagamento de promessas eternas.
Meu velho sargento de milícias,
Deu lugar as milícias da periferia
Quem será o milico? Hoje quem é bandido?
Onde anda o velho Vidigal, terror dos malandros
Há vários Rios no meu Rio, há várias eras nesse tempo
O retorno da Inquisição
Não queimam mais bruxas,
as fogueiras de corpos dos perseguidos são feitas de borracha de pneu
As marquises são abrigos permanentes dos mendigos
Os semáforos viraram picadeiros ao ar livre,
Onde os palhaços são carentes, seus olhares não causam graça,
Trazem constrangimento a quem esta em melhores condições.
Que se queimem ônibus, corpos, bandeiras e morais.
A cidade da perdição parece não ter limite
Ainda xingam os ciganos
Ainda chacoteiam os negros
Ainda excluem homossexuais
Ainda explora-se crianças sexualmente
Ainda finge-se que se educa
Festas eternas para disfarçar as mazelas
Rios de hipocrisia no meu Rio
Rios de alienação
Hoje pior que ontem, amanhã tomam-lhe o pão.
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