quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

A busca da Origem

No dia em que rasguei o véu de minha ilusão, comecei a busca pelas causas primárias de minha existência, iniciei uma busca pela matriz de todas as coisas que podem ser observadas pelos sentidos comuns, ou não.


Na noite de minha existência todos os segundos pareciam ser os últimos; únicos e absolutos, era necessário aproveitar cada um deles com profundo gozo, antes que viesse a morte e ceifasse minha vida, e logo após tornaria a ser o que fui antes de nascer, nada. Este era motivo de grande aflição, o fim desesperador, a extinção de uma consciência. 


Teria eu vindo do nada e ao nada retornaria? Não seria possível, o corpo físico que carrego não surgiu do nada, fora formado basicamente, e secundariamente por matéria de estrelas, e realmente posso estar carregando um pedaço de árvore, de qualquer vegetal, de mineral, de animal, esta árvore pode ter absorvido minerais, ou matéria orgânica de outras pessoas. Mas além de tudo isso, desse círculo infindável, deve ter surgido um início. O primeiro de todos, de onde veio? Como veio?


Como parece ser impossível responder a estas perguntas em nosso atual patamar consciencial, buscamos causas secundárias, terciárias, e assim por diante, mas causas que antecedem o resultado. Como o resultado possui quase infinitas causas que remontam desde o “início dos tempos”, a análise deve ser feita de maneira retrospecta.


Nasci no dia sete de novembro de 1984, na cidade do Rio de Janeiro, mas onde estava antes disso? Não creio que metade de mim estivesse com meu pai e outra metade com minha mãe, esta é a penas a parte que se toca, a parcela óbvia que se vê; talvez tenhamos até mais de nossa mãe que de nosso pai, afinal é comum que passemos nove meses em contato direto com nossa matriz. Qualquer possibilidade de perda ou prejuízo desta matriz nos causa aflição, já com o pai não é na mesma intensidade.


De onde vieram os pensamentos? Como surgiu o raciocínio, a lingüagem, a empatia e a antipatia, é tudo baseado em que? Que causa? Algumas das últimas perguntas parecem ser mais simples de encontrar a causa (Resultado-X), as simpatias são causadas por afinidades de personalidade e o que está um ponto além, afinidade energética mesmo, mais profundo, não preciso provar isso cientificamente aos cientistas de plantão. 


Eis um ponto crítico entre a alienação e a razão… Qual o limite entre o físico e o etéreo?! Quando e como o etéreo afeta no físico e com o físico afeta o etéreo? Do que é feito o pensamento? “Ondas eletromagnéticas”, será mesmo? Nosso conhecimento é tão limitado que não podemos dizer ao certo o que é certo e o que é errado, que loucura uma máquina que pensa sobre si mesma, uma coisa que busca seu código fonte, seu criador ou seja lá o que for. Se a psicosomatização é possível e lógica, qual o limite do impossível?


Por que convencionou-se dizer que o norte é norte e o sul é sul?! E se na verdade estivermos de “cabeça pra baixo”? Como podemos estar suspensos no meio do nada?! “Falta de gravidade”, ou será que este planeta é como uma grande bola boiando numa massa gigantesca e muito densa?! Quanto de energia deve ser condensada para formar matéria?! Quanto de pensamento deve ser potencializado para formar matéria? Quais as portas que nos serram no tempo? Onde estão as cordas para esticar a linha que nos prende? Quem fez isso tudo? E outra, com que razão fez isso tudo, não lhe parece coincidência demais a organização da natureza? Que força tão potente é essa em que estamos inseridos?


Que os céticos me queimem na fogueira, mas por mais que pesquisem, chegará um ponto de nossas pobres inteligências em que não poderemos mais negar que todas as impossibilidades e possibilidades se fundem de uma maneira tão estrondosa, e talvez tão simples, que só podemos resumir a causa primária, a matriz, a uma simples palavra utilizada desde que o homem começou a rasgar o véu de sua ignorância. DEUS, talvez não seja á toa que num livro bem velho, algum homem tenha escrito o que supostamente deus teria dito. “Eu sou o alfa e o ômega”, o início leva ao fim, e como o fim é o início, tudo é tudo, é TAO.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Como negociar multas no Rio

      Sempre fala-se mal da polícia carioca, diz-se que são corruptos e piores que a bandidagem já instituída no Rio. Esse tipo de declaração já tornou-se clichê. Não gosto de generalizar em nada, pois em todos os setores há profissionais corruptos que fazem vergonha para a classe.  Porém, pude comprovar nessa semana que a coisa é mais naturalizada do que imaginava.

Saí do centro da cidade para ir a uma empresa em Ramos, próximo ao famigerado Complexo do Alemão; nunca havia estado naquele local, então o motorista da empresa me levou; ele, obviamente no volante, e eu no banco do carona, com óculos escuros.

Sequer o motorista sabia a localização exata da bendita rua; porém, nossos tempos trouxeram a tecnologia do Google Maps! Sinceramente, não sei como as pessoas conseguiam se virar há dez anos atrás sem essa facilidade tecnológica.

Mesmo assim, um motorista enrolado, um carona mal-humorado, e um pedaço de mapa impresso num papel, são capazes de coisas absurdas; como chegamos próximo ao local, mas sem sucesso de chegar, encostamos próximo a uma loja de tintas para pedir informações. O motorista saiu, eu permaneci, mas pela janela vejo o motorista enrolado confirmando com a cabeça que estava entendendo, e perguntando a mesma coisa dez vezes seguidas. A pessoa informou que ele deveria seguir a primeira rua a esquerda que chegaríamos ao local. Pois bem, este era um cruzamento movimentado.

O nosso amigo estabanado, ligou a seta e se mandou para a esquerda, quando um policial militar o mandou encostar. E eu pensei... “Só me faltava essa”....  o nosso querido policial, já permanece num lugar estratégico. Não esta no cruzamento observando o trânsito, mas escondido na saída da esquerda. O motorista abre o vidro ao meu lado e o policial se aproxima.

“Amigo, você não viu que é proibido virar a esquerda ali?”
“Ah seu guarda, mas me informaram que eu poderia, é porque não conheço muito bem...”
“Tem uma placa gigantesca ali, indicando que você deveria ter contornado o quarteirão para entrar nessa rua, você não viu? A placa é enorme!”


(Permaneci em silêncio, pois já estava mal-humorado, ainda com os óculos escuros, olhei para o policial de cima abaixo, já sabendo o que viria pela frente. Sem dizer nada, e sério, virei meu olhar para a frente como se ele não existisse. O motorista lerdinho, também entendeu bem o recado e saiu do carro para conversar com o policial)

“Deixa eu te explicar, eu preciso levar o rapaz aqui na rua tal... mas não sei como chegar, já entramos em várias ruas erradas, pedi informação ali na esquina e me disseram que eu poderia virar aqui...”
“Você esta sabendo que isso é passível de multa né... são Cento e Oitenta Reais... vou ter que te dar uma canetada...”
“Mas não tem outra forma.... um jeito de quebrar o galho?....”
“Uma onça.”
“Poxa amigo, eu só to com vinte aqui...”
“Ta beleza, ta beleza...”


O motorista, por sua vez, entrou no carro, abriu a carteira e tirou a única nota que tinha, uma de vinte, e já estava saindo do carro para entregar o dinheiro para o guarda, quando aquele meteu a cabeça pela minha janela....

“Não sai não... não precisa sair não... assina aqui a multa...

Estendeu o bloco exatamente na minha frente, e eu olhando fixamente para a frente de óculos escuros não acreditando naquela cena. E repetiu:

“Assina aqui a multa.... “ (Levantando o bloco de anotações de multa para que o motorista colocasse a nota. Depois disse:)

          “Valeu amigo, olha, pra chegar nessa rua é fácil, você segue aqui a direita, depois você pega a rua até o final, na praça, e então vira a primeira a esquerda, é a rua que você tá procurando ta?!”

Uma simpatia assustadora, uma cena constrangedora, um talento perdido. Aquele PM poderia trabalhar em novelas como ator. Depois que o motorista deu partida, comentou comigo.

            “É melhor perder vinte do que cento e oitenta né...”

E eu:

“É... “ em surpresa profunda.